Essa semana a direção do Esporte Clube Bahia divulgou novamente a lista de Conselheiros do tricolor no site oficial do Clube. Não é demais lembrar que essa relação foi retirada do espaço virtual há alguns meses, sem qualquer explicação para tal.
Como era de se imaginar, a “redivulgação” – pedindo aqui licença para o neologismo – da relação de Conselheiros tinha um número significativo de alterações em relação a lista anteriormente divulgada, mais precisamente 58. Tal fato causou estranheza a alguns, mas a nós não, pois sabemos como agem os novos candidatos a “eternos”. Esse é apenas mais um método nefasto utilizado pelos dirigentes para se manter no poder. É a reafirmação da ditadura que há anos castiga o Tricolor, e a prova da imoralidade e ilegalidade desse Conselho Deliberativo, que, na essência, só se presta a dizer amém a tudo que é imposto pela diretoria.
Pois bem. Após a divulgação da lista, imediatamente surgiram diversos questionamentos acerca dessa atitude, no mínimo, estranha. Através do twitter oficial do Clube, a assessoria de imprensa justificou as alterações da seguinte forma “as mudanças foram realizadas pois existiam conselheiros falecidos, outros que pediram afastamento, além de alguns inadimplentes por seis meses ou ausentes em reuniões por três vezes seguidas ou cinco alternadas. Assim, como manda o estatuto do clube, os suplentes assumiram as vagas”, conforme divulgado no site ecbahia.com (http://www.ecbahia.com/imprensa/noticia.asp?nid=21700).
De fato o Estatuto prevê a possibilidade de substituir os Conselheiros nos casos elencados pela assessoria do Clube. Contudo, vários questionamentos surgem após tal fato, pondo em dúvida o verdadeiro motivo dessa substituição repentina:
1 – Porque a substituição dos Conselheiros somente foi feita agora, faltando menos de dois para a eleição para Presidente?
2 – Os Conselheiros falecidos, dissidentes, inadimplentes ou faltosos não deveriam ter sido substituídos logo após a ocorrência do fato gerador da sua exclusão?
3 – Como saber se os que entraram eram realmente os suplentes “eleitos” em 2009, já que a lista dos suplentes jamais foi divulgada?
4 – E, logicamente, porque a lista de suplentes jamais foi divulgada?
5 – Porque essas informações não foram previamente passadas aos sócios?
Há ainda outra questão que tem de ser respondida. É sabido por todos que a média de comparecimento nas reuniões do Conselho Deliberativo é de, no máximo, 50 conselheiros, sendo que, na maioria das vezes, são as mesmas pessoas que comparecem. Se fossem realmente excluir àqueles que não comparem às reuniões, conforme prevê o Estatuto, certamente o conselheiro seria reduzido em 2/3, ou menos. A prova disso está, ou pelo menos deveria, nas atas dessas reuniões, se é que essas atas existem e foram devidamente registradas no cartório. Como explicar isso?
Essas são questões de extrema importância que não foram respondidas pela assessoria do Clube, e certamente não serão, já que as respostas para tais indagações poderiam causar grande confusão e expor a ilegalidade do Conselho Deliberativo do Clube, que, vale lembrar, é Presidido por um funcionário assalariado do Clube, em mais uma demonstração de imoralidade. Inevitável não pensar que se trata de uma manobra para garantir a tranqüila reeleição do atual Presidente. Quanta podridão!
Algumas dessas dúvidas poderiam ser sanadas se o Presidente do clube cumprisse a determinação judicial de divulgar a lista de sócios, determinação essa que ele insiste e desobedecer há mais de um ano. Porque será? O que será que impede a divulgação dessa lista? Porque tanto medo de tornar essa informação pública?
Nos bastidores, o que se diz é que muitos desses novos “conselheiros” sequer eram sócios do Clube, têm-se notícias de que alguns, pasmem, são torcedores do rival (!!!), além, é claro, de amigos do Presidente, dos seus irmãos e família, amigos de diretores, funcionários do patrocinador, etc. É uma grande confraria!
O que se vê claramente é a perpetuação de métodos que há anos são utilizados no Bahia como forma de garantir a manutenção do poder. É engraçado perceber que aquele que se dizia eterno foi duramente golpeado através dos mecanismos que ele tanto utilizou, e teve a imensa maioria de seus devotos seguidores escorraçados do Conselho Deliberativo do Bahia. Essa é a demonstração cabal de que a criatura superou o criador. O problema é que os que hoje ocupam o “trono” caminham na mesma direção daquele que eles expurgaram do Clube, principalmente se tratando de transparência e respeito ao torcedor.
É triste ver que o Bahia continua tomado por pessoas tão mesquinhas que impedem o crescimento e fortalecimento da instituição. Uma torcida tão maravilhosa quanto a nossa não merece passar por isso. Mas, a certeza é que mais cedo ou mais tarde isso tudo vai mudar, e então todos nós tricolores poderemos respirar aliviados.
