Mais
uma vez voltamos a testemunhar a falta de transparência, falta de ética e de
respeito à história do Bahia por parte dessa administração que se estende há
mais de duas décadas. A desordem que suas ações provocam no clube, e que, mais
cedo ou mais tarde, acabam sempre por vir à tona, mostra explicitamente a
verdade: esses pseudo gestores do clube é que são os tumultuadores, os que não
prezam pelo bem do clube e os que não respeitam sequer o torcedor que queira
apenas torcer.
Afinal,
após ganharmos um Campeonato Baiano de nível abaixo do medíocre, passados
vergonhosos 10 anos, com as calças na mão, quando antes o fazíamos com um pé
nas costas, saltava aos olhos de qualquer um que ama o tricolor a necessidade de
reforços bons e para serem titulares incontestáveis. Mas a atual diretoria
resolveu ir a Munique, não se manifestar, depois dizer que o mercado estava
aquecido e que agora o mercado está sem ofertas. Enquanto isso, sobram
inexplicáveis, incontáveis e inacabáveis casos de atletas no Departamento
Médico, além das já famosas saídas por deficiência técnica de atletas antes
trazidos com pompa. E também um início de ciclo de vendas obscuras de atletas
da base, iniciado com Maranhão e agora tornado já escândalo com o loteamento de
Filipe.
A
teia de interrelações obscuras exposta na matéria sobre a venda de Filipe
parece roteiro de filme verdade sobre o submundo da máfia. De início, o valor
anunciado da venda e a rapidez na negociação já trazem o cheiro antigo e fétido
da falta de transparência nos negócios do nosso tricolor. Mas, como se não
bastasse isso para preocupar e estarrecer, entram em jogo (literalmente) uma
empresa intermediária nova, localizada no mesmo endereço do principal
patrocinador, cujo sócio principal é um policial civil, que se sabe ter estado
envolvido em dificuldades econômicas antes de ser “parceiro” do clube, que
responde a processos judiciais, que foi nomeado conselheiro do clube em troca
nebulosa antes da última eleição, que revela deter direitos de diversos jogadores
da base, que diz abiscoitar 20% das transações, que revela ter privilégios nas
negociações em função de ter bancado viagem de time da base à Itália, que informa
ter negociado Maranhão, que, que, que... Que se passa? Quantas continuações
terão desse filme tipo B? Que acordos nebulosos ainda existem? Quem são os
responsáveis por esse verdadeiro novelo sem fim? E, principalmente, o que tais
práticas trazem de benefício ao clube em termos de sua história, sua decência,
sua ética, seu presente em campo e seu futuro?
Será
que após testemunharmos todo esse emaranhado de ligações entre diversas áreas é
possível alguém ainda dizer que não há relação entre o que acontece no campo
com o time e o que acontece nos bastidores com o clube? Será que ainda se
consegue tapar o sol com a peneira que um time fraco em campo, com jogadores permanentemente
no departamento médico sem esclarecimento real dos problemas, com renovações de
contratos descabidas, sem contratação de jogadores de qualidade para as
posições carentes, sem aproveitamento e fortalecimento dos atletas da base nada
tem a ver com a transparência nas negociações e no destino do dinheiro
arrecadado, na democratização de um conselho verdadeiramente fiscalizador composto
por sócios interessados na vida do clube, no incentivo à filiação de novos
sócios e na adoção de um modo de administrar moderno e adequado à atual
realidade?
E
para os que acham que a oposição só se manifesta quando há problemas, lembramos
que a ação judicial movida pelo tricolor Jorge Maia foi movida no final do ano
de 2011, quando não havia nenhuma denúncia desta espécie. Lembramos que o
requerimento com sugestões de diretrizes e normas para as assembléias de sócios
foi entregue em tempos de bonança. E que o abaixo-assinado on line pela
convocação de assembléia para a prestação de contas de 2011 ocorreu antes de
qualquer crise. Mas acontece que o volume de absurdos e irresponsabilidades da
atual direção é mais veloz, constante e invasivo que qualquer ação no mundo
virtual. É em tempo super real.
Fazemos
a nossa parte. Falta ampliar a conscientização da torcida e ações concretas e
efetivas por parte das instâncias institucionais responsáveis pelas
investigações contra tais desmandos administrativos.
Chega
de tanto absurdo na condução do nosso clube. É preciso agir todos os que são
tricolores: torcida, sócios, autoridades responsáveis. É preciso resgatar o
Bahia desse vendaval sem fim de más notícias.