sexta-feira, 26 de novembro de 2010

E agora, o que será do Bahia?

"Vagabundo, Filho da P...", foram algumas das palavras deferidas pelo ex-presidente Marcelo Guimarães e por Ruy Accioly, Presidente do Conselho Deliberativo do nosso querido Esporte Clube Bahia. Essas ofensas foram dirigidas a um sócio-patrimonial que desembarcou ONTEM em Salvador, vindo do Rio de Janeiro, especialmente para a Assembléia Geral, na qual deveriam ser apreciadas e votadas as contas do exercício 2009 do Clube, de maneira organizada e democrática. Pobre devaneio, acreditar que presenciaríamos uma reunião digna da história do nosso Esquadrão, um divisor de águas diante de um suado e glorificante acesso à série A.

Voltamos à elite, porém os dirigentes perderam os freios da “perua alaranjada”, na ladeira da política fétida. O que se viu na Assembléia dessa quinta-feira foi um festival de atrocidades, de total falta de escrúpulos, capaz de deixar envergonhando o mais simples escudeiro da dupla “Batmarães” e “Robbinccioly".

Aqueles que por alguns dias quiseram posar como heróis, mostraram sua verdadeira face. Pasmos ficaram até os próprios correligionários da dupla. Triste de se ver, pior ainda digerir. Inacreditável! Estamos involuindo (aqui pedindo licença para o neologismo), agora nas reuniões basta o sócio pedir a palavra, para ser digno de receber uma chuva de palavrões e ofensas, sem qualquer explicação freudiana para tal.

Mais uma vez os gestores do Clube, se é que assim podem ser chamados, mostraram que não sabem ser contrariados, e, acima de tudo, não aprendem com os próprios erros, pois foram esses mesmos métodos que fizeram com que o Bahia vivesse o pior período desde a sua fundação.

Falta-lhes o mínimo de educação, valores morais não existem. Mas, para quê toda essa parafernalha de boas práticas, se com alguns capangas e outro monte de "dependentes azedos" consegue-se fazer "istória"? O desequilíbrio era patente. Como pessoas assim podem estar à frente de uma Nação como a nossa?!

Esperamos que a imprensa cumpra o seu papel de esclarecer os fatos, e que autoridades e judiciário tomem atitudes contra este tipo de prática recorrente no Bahia. Para reflexão, no calor do acesso, ao final do jogo contra a Portuguesa, um comentarista de rádio externou opinião, numa exaltação duvidosa intitulando o Presidente do Clube como "Democrático", eis a resposta na Assembléia. Se todos quisessem fazer o mínimo, já teriam feito, e nós teríamos um Bahia melhor, participante de uma verdadeira democracia, com pessoas que se respeitam e respeitam o próximo.

A pergunta que fica é: E agora, o que será do Bahia?

A Revolução Tricolor não se deixará intimidar pela truculência e falta de escrúpulos desses senhores que pensam ser os donos do nosso querido Esquadrão. Continuaremos batalhando por um Bahia aberto a sua torcida, pois o Tricolor pertence a milhões de pessoas, e não a um grupo restrito e desequilibrado.

Ademais, importante salientar que o pronunciamento que seria feito pelo sócio do Clube, caso lhe fosse concedida a palavra, seria exatamente para alertar acerca da irregularidade do Conselho fiscal do Clube. Isso porque, o referido Conselho, que emite parecer no sentido de aprovar ou não as contas, é composto pelos senhores Hipólito Baqueiro Bulhosa, Jorge Inácio Diniz, José Jorge do Nascimento, Fernando de Araújo Campos e Ricardo Marques Imbassahy. Contudo, importante frisar que 4 dos 5 Conselheiros Fiscais são também Conselheiros Deliberativos, prática essa vedada pelo Estatuto do Esporte Clube Bahia, conforme disposto em seu artigo 29, o qual transcrevemos abaixo:

“Art. 29 - Os membros do Conselho Fiscal não poderão ser membros do Conselho Deliberativo nem da Diretoria Executiva.”

Isso, por si só, além de mais uma demonstração de que os dirigentes ignoram o Estatuto do Clube, é suficiente para questionar a legitimidade das contas, afinal o Conselho Fiscal está, repita-se, totalmente irregular.

Por fim, vale ressaltar e agradecer o esforço do Major da Polícia Militar que conteve a ira do ex-presidente Marcelo Guimarães, impedindo-o de cometer um ato pior do que as agressões verbais por ele proferidas.

REVOLUÇÃO TRICOLOR
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segunda-feira, 15 de novembro de 2010

VOLTAR SIGNIFICA VOLTAR?

“Voltou, meu tricolor voltou! Meu tricolor voltou! Meu tricolor voltou!” O Bahia está de volta à primeira divisão. No campo, sem tapetão, sem tragédias nas arquibancadas. Que alegria, que felicidade. Há quanto tempo não pulávamos tanto, há quanto tempo não sorríamos tanto, há quanto tempo não sentíamos tanto prazer com o Bahia. A emoção retornou aos nossos corpos, a vibração se fez presente, o contentamento se espalhou pela cidade. Agora é possível gritar a plenos pulmões de alegria: Bora Baêeeeaaaaa!

Nesse momento não podemos deixar de prestar nossa homenagem e manifestar nosso agradecimento a vários participantes dessa jornada. Em primeiro lugar, aos heróicos jogadores que foram em campo os principais responsáveis por esse retorno. Foram valorosos, lutadores, dedicados, enfim, encarnaram a mística da camisa tricolor conquistadora. Muitos triunfos foram obtidos fora de Salvador com base na tática, na técnica, mas principalmente na garra. É verdade que tropeços ocorreram, que houve limitações técnicas, que muitas vezes tomamos sufoco sem sentido, mas o objetivo final foi alcançado. Os jogadores tiveram que vencer inclusive, em alguns momentos, a óbvia apreensão provocada pelo atraso nos salários.

Também precisamos parabenizar toda a comissão técnica tricolor pela dedicação, em especial o treinador Márcio Araújo. Ele deu consistência, coesão e arrumação tática ao elenco, ao tempo em que recebeu novos reforços e os encaixou perfeitamente no esquema montado. Em várias ocasiões houve discordância da torcida, em especial no quesito substituições e mudanças de postura no decorrer do segundo tempo, mas foi inquestionável o espírito de equipe que ele soube imprimir ao time.

Um agradecimento em especial devemos dar ao corpo de funcionários do Bahia que há anos vem enfrentando as dificuldades desestruturantes de atraso de salários, mas que manteve o empenho em dar o suporte necessário para jogadores e comissão técnica desempenharem as sua funções. Sem esses auxiliares fundamentais temos certeza que não seria possível alcançar a subida para a série A.

E, é lógico, não poderia deixar de haver uma verdadeira reverência à torcida tricolor. Essa torcida que sofreu violentamente nos últimos oito anos todo o tipo de desrespeito: vergonhosas derrotas do time em campo, maior jejum de títulos, desconsideração às suas reivindicações por mudanças, humilhações vindas da torcida do rival, rebaixamentos para a segunda e para a terceira divisão do futebol brasileiro, entre outras amarguras. E, apesar de tudo isso, se manteve fiel, presente e com a sua garra característica, cheia de vontade que o seu clube do coração saísse dessa fase de derrotas.

Mas não podemos ser injustos com o estilo de administração que há anos vem conduzindo os destinos do clube e com a atual diretoria que é uma continuação do mesmo. Não podemos esquecer que independente de jogadores que vão e vêm, treinadores e comissões técnicas diferentes, de funcionários que se alternam, um mesmo grupo (com variações de nomes) permanece há mais de 30 anos dirigindo o Bahia. E se eles agora querem dizer que foram os responsáveis pela volta à série A, queremos nós lembrar que eles foram os responsáveis pela deterioração econômica do clube e pelos últimos oito anos que foi o período de maior ostracismo nacional e de falta de títulos da nossa história. Ou seja: foram eles os responsáveis pela ida do Bahia para a série B e para a série C.

E então perguntamos: voltar para a primeira divisão será também voltar para os mesmos erros que nos conduziram à série B e à série C? Será voltar para as derrotas humilhantes de 7 a 0 em casa para o Cruzeiro? Ou de 6 a 0 para o Flamengo no Rio?Ou de 7 a 4 para o Santos em Salvador? Será voltar para a formação de times medíocres em função de acordos com empresários? Será voltar a vender jogadores bons ou promissores a preços abaixo do mercado e sem transparência na prestação de contas? Será arrecadar muito mais dinheiro e aumentar infinitamente mais os débitos do clube? Será voltar a deteriorar a infraestrutura do clube e atrasar os salários de funcionários e jogadores? Será nos conduzir de novo à série B e depois à C para encarar de novo perder de 7 a 2, fora, para o Ferroviário do Ceará? Será voltar a ser derrotado pelo rival por 6 a 2 ou 6 a 5? Será ficar em 9° lugar no Campeonato Baiano? Será continuar a não conquistar um título baiano por mais oito anos? Será ser eliminado na primeira fase da Copa do Brasil por Ceilândia e Icasa? Quem deixou o time ir para os porões do futebol brasileiro tinha a obrigação de reconduzí-lo para o lugar de onde jamais deveria ter saído. E isso deveria ter sido feito imediatamente e não depois de 7 anos, além de uma virada de mesa anterior.

E voltar para a primeira divisão será manter o feudalismo na direção do clube? Será não favorecer a democracia no clube? Será não realizar eleições livres, diretas e sem filtros para manter o mesmo grupo atual no poder? Será não modificar os estatutos para torná-lo mais democrático, participativo e atualizado? Será continuar a não existir um plano de associação em massa? Será continuar a tratar os sócios patrimoniais de forma desrespeitosa e discriminatória, a ponto de eles não terem nenhuma prioridade sequer na compra de ingressos para os jogos? Será continuar a não ter transparência na prestação de contas? Será não profissionalizar todos os quadros diretivos? Será não renovar o Conselho Deliberativo inteiramente sob bases de maior participação e responsabilidade para quem dele fizer parte? Será continuar a aumentar a dívida do clube? Será não ter um plano de propaganda da marca Bahia que aumente as receitas, mostre com transparência as contas e incentive a ampliação do quadro de sócios? Será continuar a querer enganar a opinião pública fazendo parecer que a oposição é que não quer a modernização do clube, escondendo que na última assembléia o que houve foi uma manipulação da votação por parte da diretoria a fim de não perder e que, por isso, a oposição entrou na justiça?

É por toda essa história que dizemos que não é possível dar credibilidade a esse modelo de gestão do Bahia. Foi esse modelo falido e obsoleto que nos levou às séries B e C. E acabará nos levando de novo se não mudarmos ele. E é por isso que a Revolução Tricolor se mantém na oposição a essa diretoria porque sabe que a subida para a série A não implica em mudanças profundas e radicais na maneira de gerir o clube.

A Revolução Tricolor não quer nunca mais cantar “Voltou, meu tricolor voltou! Meu tricolor voltou! Meu tricolor voltou!”, mas sim “Mudou, meu tricolor mudou! Meu tricolor mudou! Meu tricolor mudou!”


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